Fabiana Murer comemora a prata no Mundial de Pequim (Foto: Getty Images)
Fabiana chegou à China com a quarta melhor marca da temporada: 4,80m. Na fase de classificação, foi a atleta que menos precisou suar para avançar à final. Começou a saltar com o sarrafo a 4,55m, estratégia compartilhada apenas pela campeã olímpica Jennifer Suhr – a americana, no entanto, só acertou o salto na segunda tentativa. Como poucas atletas seguiam elegíveis, a organização desistiu de manter a marca de classificação em 4,60m e passou 14 atletas à disputa por medalhas.
A brasileira só entrou na disputa em 4,50m e acertou de primeira os três saltos até 4,70m, altura em que a cubana Yarisley Silva, favorita ao ouro, só ultrapassou na terceira e última chance.
Com o sarrafo a 4,80m, Fabiana teve a chance de assumir a liderança. Na descida, derrubou a barra com a coxa. Todas as outras concorrentes erraram nesta rodada, exceto a grega Nikoleta Kyriakopoulou, que tomou a frente na classificação. Na segunda tentativa, Yarisley e Fabiana tiveram sucesso e mantiveram-se na disputa por medalhas – com a paulista em segundo na classificação. Com os erros de Jennifer Suhr, Sandi Morris, Angelica Bengtsson e Holly Bradshaw, sobraram apenas as três na disputa, Fabiana garantiu ao menos o bronze.
Com o sarrafo a 4,85m, Yarisley foi a primeira a saltar e passou sem dificuldades. Fabiana foi em seguida e tirou o fôlego da torcida: bateu no sarrafo, mas como ele não caiu, o salto foi validado, e ela assumiu a liderança provisória. Com o erro da adversária grega, colocou a mão no ouro.
A marca de 4,90m representava um desafio a mais, já que a melhor marca da carreira de Fabiana era justamente 4,85m, e apenas Yarisley havia superado a altura na temporada. Tanto a cubana quanto a brasileira e a grega – que arriscou acompanhá-las na altura para tentar seguir na briga pelo título – erraram.
O campeão olímpico Renauld Lavillenie juntou-se à comissão técnica brasileira e engrossou a torcida por Fabiana. Na segunda rodada nos 4,90m, todas voltaram a errar. Para Kyriakopoulou, a falha representou o fim da disputa e a confirmação da medalha de bronze.
Em sua última tentativa, Yarisley precisava acertar para tirar o ouro da brasileira. E conseguiu. Passou raspando pelo sarrafo e saiu comemorando muito. Fabiana saltou uma última vez, mas derrubou a barra. O ouro escapou, mas a prata já significava um capítulo histórico. Era a primeira medalha do Brasil em Pequim, a segunda dela em mundiais. Era a certeza de que o trauma de 2008 havia sido enterrado, e que o Ninho do Pássaro podia lhe proporcionar um final feliz.
Yarisley Silva: cubana passou por 4,90m e superou novamente Fabiana Murer (Foto: Getty Images)
– O salto com vara é uma prova muito difícil porque a gente fica lá umas duas, três horas dentro da prova. Sabia que tinha que saltar bem desde o começo, evitar erros abaixo. Sabia que na hora do desempate isso ia contar. Tentei me manter firme e passar sempre na primeira tentativa. E lógico, poupar energia. Porque o que vale é saltar alto no final, não no começo. Procurei me manter concentrada, mas a tensão é muito grande. Estou super cansada, mas muito feliz – disse a medalhista de prata.
Fonte: Globoesporte.com – Postado às 12:00